Um inverno na Lagoinha permite pensar zilhões de coisas incríveis. Uma pode até fazer teorias sobre o vôo dos urubus, dos hábitos dos gambás, da regularidade com que passa o único ônibus que chega até aqui, e até mesmo pensar em ter um negócio. E assim foi... Numa janta monumental de julho (deve-se ter em conta que os programinhas de cidade não abundam na ilha, e menos ainda no extremo norte!), tivemos uma idéia: “E aí, Rosi, por que não fazemos umas bolachinhas e vendemos aqui na Lagoinha?”, sugeriu a Carol garfando um raviolone. “Daria, né?”, respondeu a Rosi com seu sotaque tão argentino, mesmo que ela jure ser diferente do seu uruguaio natal e todo mundo acha que é a mesma coisa. Enquanto isso, o Norba e o Cris continuavam assistindo mais uma derrota do Grêmio fora de casa.
No sábado seguinte já tínhamos mudado de idéia. Aquilo de caminhar a praia inteira com uma cesta seria super cansativo e pouco rentável, e justamente aí apareceu uma garagem aqui perto. O que se alugava na verdade era o restaurante ao lado, e temos que reconhecer que fomos bastante ingênuas em pensar que o dono ia aceitar a nossa incrível proposta de esvaziar os freezers cheios de tainha da garagem e botar um cafezinho e mini loja lá dentro. Sim, é que já nesse momento os cestos de bolachinhas tinham sido trocados por uns expressos bem feitos e algumas roupinhas escolhidas a dedo, bem chiques, bem simples. Só que as tainhas não saíram da garagem, e tivemos que continuar procurando outro lugar.
Íssima!
E então numa quarta-feira fomos para a Praia Brava, que estava desertíssima, e assim que descemos o morro a vimos: uma pequena casinha branca a direita, rodeada por um deck enorme, uma vitrine super visível, tudo aquilo que estávamos procurando. Paramos o carro na frente e imaginamos. “Está buenísima”, gritou a Rosi eufórica. Nem sabemos como, conseguimos o telefone da dona do local, e bem pouco depois havíamos alugado a Bravíssima. O nome porém, levou mais um tempo para ser decidido. Isso de nomear não é fácil, e foi o Cris que teve a maravilhosa idéia enquanto voltávamos da Guarda do Embaú: “Olha, Bravíssima é muito bom, é de gurias bravas, é de coisa boa”. Aceito o nome, continuamos.
Assim foram surgindo algumas perguntas:
I. Como misturar uma loja e um café em menos de quarenta metros quadrados?
II. Como ficar de portas abertas o dia inteiro sem morrer de cansaço e ainda pegar uma prainha às vezes?
III. Como conseguir botar tudo o que gostamos dentro de um local sem que ele fique abarrotado?
IV. Como ser felizes e continuar sendo? Hehehe.
Ajudas
Agora falta bem pouquinho para abrir. A Fabi veio uma semana do Uruguai e foi um anjo salvador. Além disso, o Norba e o Cris já fizeram boa parte da reforma e de coisinhas de homem. Fora isso, estamos correndo atrás de fornecedores, Carol indo para Porto Alegre, conseguindo mais e mais objetos lindos, super comfy clothes, livros, colares, sapatos, biquinis coloridos e ótimos de se usar. Eu testando a massa dos wraps, a consistência úmida que os brownies devem ter, as bolachinhas, bolos com sorvete, liquidificando açaí, inventando sucos, conseguindo o ponto exato do cappucchino. E treinando o Monster, cachorro quase humano, a ser garçom!!!
Ah, and the amazing pics desta entrada são da Fabi, obrigadísimas!!!!!